sábado, 17 de março de 2012

Crime em Sarandí

Postado originalmente no site Impedimento (http://impedimento.org/2012/03/15/crime-em-sarandi/)
 El Viejo Boca, o bicho-papão dos anos 2000, a esquadra azul y oro que jogava mal e ganhava tudo, está de volta. No mínimo, o espírito do Viejo Boca baixou ontem no gramado do Viaducto e vestiu o manto xeneize. No 1×2 contra o Arsenal, o Boca jogou mal, mas muito mal, POR MARADONA, como o Boca jogou mal. Mas achou dois gols, virou sobre o rival e assumiu o segundo lugar do grupo 4, o mesmo do Fluminense.
O jogo começou todo do Arse. O 10, Leguizamón, aterrorizou a defesa xeneize a noite inteira, tento o colombiano Carbonero como fiel escudeiro pela direita. Aos 9 minutos, num cruzamento pela esquerda, Clemente Rodriguez, o veterano defensor multicampeão pelo Boca, percebeu que era careca como Santiago Silva, o triste centroavante que luta e não consegue marcar com a camisa azul y oro, e decidiu homenagear El Tanque colocando a bola para dentro. Arsenal 1×0. A equipe da família Grondona se adonou do jogo. Com Riquelme e o inoperante Walter Erviti na armação, o Boca sequer pode segurar a bola infinitamente, procurando espaços como um funcionário público que espera a aposentadoria.
Do outro lado, o Arsenal foi agudo. Não criou dezenas de chances de gol, mas ocupou o campo adversário com a velocidade Luciano Leguizamón – que não será chamado de revelação da Copa apenas porque já está nos seus 29 anos. A esta altura da noite, Fluminense e Zamora empatavam em zero no Engenhão, e a tv mostrava a classificação do grupo. O Boca ocupava uma constrangedora última posição, com um ponto, enquanto até os venezuelanos somavam dois no resultado parcial que arrancava de Abel and The Braga Boys. Ainda pesava sobre os bosteros a derrota em casa contra o tricolor carioca e o ESPETACULAR 4×5 diante do Indepiendente.
No entanto, quando as trevas se aproximam, algo de místico se mistura ao tecido azul e dourado. Aos 28, o Boca alçou na área. A pelota estava diante Santiago Silva, mas, COMO SEMPRE, um pé, uma trave, a grama, um goleiro e até o puro azar se colocaram no caminho do centroavante. Chega a dar pena do inforntúnio do Tanque, que não consegue marcar com a camisa do Boca. No caso, foi uma VOADORA de Lisandro López que tirou o doce do artilheiro, mas a bola parou no pé de Pablo Mouche, que empatou a contenda.
Na volta do intervalo, a câmera mostrou Riquelme conversando com TODOS os companheiros. Ao pé do ouvido, o recado foi claro: NÃO JOGUEM NADA. FAÇAM TUDO ERRADO E GANHAREMOS. E assim foi feito. Leziguamón e companhia seguiam impondo constrangimento à equipe de Falcioni, cuja teimosia de escalar Erviti e deixar Ledesma no banco preocupa as Nações Unidas. Logo nos primeiros minutos, Leguizamón foi lançado na frente, ganhou na corrida de Rolando Schiavi e entrou na área. Sem nenhuma alternativa para parar o atacante, EL FLACO colocou os braços sobre as costas de Leguizamón e derrubou o jogador. Mas Pablo LUNATI, o juizão, mandou seguir.
E assim seguiu. O Arsenal bateu faltas próximas ao poste, torturou o meio-campo adversário, correu ao ataque. A certo ponto, o comentarista da Fox castelhana largou “Leguizamón imparable. Está por todo campo”. O Fluminense já ganhava do Zamora no Engenhão, reduzindo o constrangimento xeneize, mas não havia jeito do Boca chegar perto da área. Então, aos 17 minutos, Falcioni acordou do coma e tirou Rivero para colocar Ledesma em campo. Nada aconteceu por cinco minutos. Até que El Tanque segurou um zagueiro com as costas em cruzamento pela esquerda e Ledesma chegou por trás da zaga para virar o jogo. Um crime.
O Arsenal apertou o torniquete. Aos 32 minutos, Leguizamón perdeu um gol incrível. Só encontrei o vídeo no Olé, clique aqui para ver. Mas o espírito do VIEJO BOCA já havia baixado no Viaducto. Não havia mais nada a ser feito. A mística da equipe que não joga absolutamente nada e ganha já estava impregnada no manto xeneize e não havia talento capaz de defazer despacho.
O grupo 4 volta a campo no dia 21, às 19h45, quando Boca e Arsenal voltam a se enfrentar na Bombonera.
A foto é da Reuters.
Toco y me voy,
Alexandre de Santi

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