quarta-feira, 24 de abril de 2013

Vélez Sarsfield vence o Newell's em Rosario e sai em vantagem nas oitavas da Libertadores

Vitória fora de casa dá ao time de Ricardo Gareca a vantagem do empate no jogo de volta. Atuação do goleiro uruguaio Sebastián Sosa e a trave foram determinantes para o triunfo fortinero (Foto: EFE / Diego Ceretti)

 


Começaram as oitavas-de-final da Copa Libertadores da América, e foi um início em grande estilo, com um grande jogo de futebol. No confronto entre os argentinos, um dos mais esperados desta fase, o Vélez Sarsfield arranca na frente e volta para o bairro de Liniers com uma enorme vantagem. O Newell's Old Boys, por sua vez, terá que correr atrás do prejuízo, necessitando de uma vitória por dois gols de diferença, ou por um gol, contando que marque no José Amalfitani.

Pela prévia que tivemos na sexta-feira, pelo Torneo Final, com a vitória da Lepra por 3 a 1, como visitante, havia a impressão que La Lepra iria partir para cima do Fortín. E ela se cumpriu. Empurrado pela torcida, desde o primeiro minuto do jogo o Newell's já se posicionava no campo adversário, fazendo pressão com suas duas linhas de 3 jogadores, impedindo o Vélez de utilizar sua conhecida saída qualificada de jogo.

A primeira chance de gol, naturalmente, foi dos donos da casa, em um foguete de Pablo Pérez no travessão, aos 7 minutos. Antes dos 15 minutos de jogo, Ignacio Scocco e Maxi Rodríguez tiveram suas chances; um parou em Sosa, o outro, na falta de pontaria. O time do Newell's não é primoroso tecnicamente, mas Gerardo Martino montou um time à sua maneira, que toca rápido a bola, explora os espaços entre laterais e zagueiros, sempre com muita intensidade. Não à toa Tata é um dos mais famosos discípulos de Marcelo Bielsa - ambos são deuses para a metade rubro-negra de Rosario.

Esta intensidade leprosa se manteve ao longo de todo o primeiro tempo e o Vélez ajudava, se posicionando muito defensivamente. Depois de meia-hora de jogo, os espaços se fecharam, não havendo outra alternativa para os donos da casa a não ser abusar das bolas alçadas a área rival, onde Sebá Domínguez e Juán Sabia foram soberanos. No finalzinho do primeiro tempo houve espaço para mais uma situação clara de gol do Newell's, com Nacho Scocco cobrando falta no travessão, que novamente salvava o Fortín.

As equipes voltaram do intervalo sem mudanças, nem na nominata, muito menos na atitude, e o Newell's seguiu apertando seu desafiante. Os 10 primeiros minutos foram quase insuportáveis para o Vélez. Emiliano Papa precisou tirar uma bola sobre a risca do gol e Fabián Cubero quase marcou contra. O problema foi que passou este momento de abafa, e os donos da casa arrefeceram, parecendo se desconcentrar do jogo.

Figueroa, que vinha bem, sumiu do jogo. Maxi Rodríguez e Cruzado estavam discretos. O time se esforçava, mas errou no campo de ataque, armando um contra-ataque que foi fatal. Saindo com toques rápidos e após um passe de pura classe de Insúa, Allione, jovem volante de 19 anos, limpou a marcação e mandou no ângulo de Peratta. Um golaço e um verdadeiro balde de água fria no time do Newell's e na sua torcida.

Tínhamos 17 minutos jogados na etapa complementar. Tata Martino esperou 5 minutos e sacou os apagados Figueroa e Rodríguez, ingressando em seus lugares Tonso e Urruti. Não adiantou. O problema aí já não era algo que o Newell's não tinha, mas sim algo que o Vélez tem, uma matreirice para fabricar e manter um resultado favorável, um pragmatismo que chega a impressionar.

Mesmo controlando o jogo, o Vélez sofreu um pouco para segurar o resultado. Vergini testou Sosa, mandando uma bomba de muito longe, algumas bolas alçadas à área assustaram Sosa, no entanto nenhuma chance clara de gol era criada. Aos 38 minutos, Cubero foi expulso ao receber seu segundo cartão amarelo. A torcida se reacendeu, Scocco ainda tentou mais uma vez de longe, mas o jogo terminou mesmo com a vitória do Vélez Sarsfield.

Teremos o jogo de volta daqui a duas semanas, no dia 14 de maio, uma terça-feira, no José Amalfitani, em Buenos Aires. O Vélez Sarsfield jogará por um empate, enquanto o Newell's necessitará vencer. 1 a 0 leva a decisão para os pênaltis; qualquer outra vitória por um gol de diferença, ou mais, dá a vaga às semi-finais ao time de Rosario, para enfrentar Corinthians ou Boca Juniors.


Copa Libertadores da América, oitavas-de-final, jogo de ida. Estadio Coloso del Parque (Marcelo Bielsa), Rosario, Argentina.


Newell's Old Boys: 22. Peratta; 4. Cáceres, 22. Vergini, 20. Heinze e 15. Casco; 23. Villalba, 8. Pérez e 10. Cruzado (7. Bernardi); 16. Figueroa (28. Tonso), 11. Maxi Rodríguez (9. Urruti) e 21. Scocco. DT: Gerardo Martino.
Vélez Sarsfield: 13. Sosa; 5. Cubero, 30. Sabia, 6. Domínguez e 3. Papa; 21. Allione (19. Sills), 18. Cerro, 17. Razzotti e 10. Insúa (26. Díaz); 7. Copete e 12. Pratto (9. Rescaldani). DT: Ricardo Gareca.
Gol: Allione, aos 17 minutos do segundo tempo.
Árbitro: Diego Abal (ARG).
Cartões amarelos: Cubero (37' PT), Pratto (42' PT), Heinze (37' ST).
Cartões vermelhos: Cubero (38' ST).
Postado originalmente no VAVEL Brasil (http://www.vavel.com/br/futebol-internacional/232754-velez-sarsfield-vence-o-newell-s-em-rosario-e-sai-em-vantagem-nas-oitavas-da-libertadores.html) por Jhon Willian Tedeschi, e reblogado com a autorização dos mesmos.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Academia de garotos

Após temporadas péssimas, o Racing vê em garotos da base sua única forma de sucesso. Na temporada passada, a dupla que encantou os argentinos foi Valentín Viola e Ricardo Centurión. Nessa temporada, Fariña, De Paul e Vietto ganharam destaques. Bruno Zuculini, aos poucos, vai se firmando após um início irregular. A prova disso foi o San Lorenzo 1 X 4 Racing, com 4 gols de pibes do azul de Avellaneda. As fichas das jóias do Racing a seguir:

Valentín Viola, já no Sporting
(Record.pt)
Valentín Viola: Atacante de movimentação e poderio de finalização, Viola surgiu no momento em que Haúche passava por uma má fase, no final do Clausura 2011 e início do Apertura 2011. No início, se destacou mais pela sua movimentação. Desencantou de vez no Clausura 2012, sendo vendido ao Sporting por 5 milhões de dólares. Com a sua perda, o Racing foi em busca de Sand. Hoje, tem 21 anos e já atuou pelas seleções de base da Argentina.



Ricky Centurión (Goal.com)

Ricardo Centurión: Com principais atuações atuando na winger esquerda, como no clássico de Avellaneda do Inicial 2012, quando participou dos dois gols do Sand, tem como principais características a velocidade e o drible. Em 24 de Janeiro de 2013, Gastón Cogorno confirmou a venda de Centurión ao Anzhi, da Rússia. Porém alguns problemas, entre eles a burocracia e a posterior lesão no ligamento do joelho, que requer 6 meses de tratamento, esfriaram a negociação. Hoje, tem 20 anos e já atuou pelas seleções de base da Argentina.

Luisito Fariña (Télam)
Luis Fariña: Enganche, ganhou espaço no Racing após a saída de Gio Moreno e Simeone. Zubeldía chegou, e apostou no garoto para comandar a meia cancha da Academia. O seu problema é a irregularidade. Em certos jogos, entra sonolento em campo e se esconde atrás dos marcadores. Tem bom passe e boa visão de jogo. Como seus pais são paraguaios, já recebeu propostas para se nacionalizar e jogar com a albirroja, porém recusou. Recebeu grande proposta do Benfica na última janela, mas Cogorno assegurou sua permanência. Hoje, tem 21 anos e já atuou pelas seleções de base da Argentina.

Lucky Vietto (Taringa.net)
Luciano Vietto: Atacante de boa movimentação, ganhou espaço após a saída de Valentín Viola, desbancando os experientes Haúche e Sand. Dispensado da base do Estudiantes em 2010, havia desistido da carreira futebolística. Até um proposta do Racing chegar. Em um ano de base, se destacou e já foi promovido aos profissionais. Lucky permaneceu como titular e finalizou o Inicial 2012 como goleador da equipe. Com Simeone ganhou algumas chances, mas foi com Zubeldía que se consolidou. Na sua estreia no "11 inicial", 3 gols ante o San Martín na vitória de 3 a 1. No campeonato argentino, sofre um pouco por conta de seu porte físico, mas o Racing deve providenciar o ganho de massa muscular para o garoto. Hoje, tem 19 anos e é figurinha carimbada nas convocações do Sub-20 da Argentina.


De Paul (Espn Deportes)
Rodrigo De Paul: Jóia mais recente, De Paul é um enganche que gosta de cair pelos flancos. Tem bom
passe, drible, velocidade e chute. Zubeldía, já pensando em utilizá-lo no Final 2013, promoveu sua estreia diante o River em um Torneio de Verão. É opção de segundo tempo no Final 2013. Mesmo assim, já anotou 2 golaços. Um contra o San Martín, na vitória de 3-0, e outro sobre o San Lorenzo. Também tem uma assistência, diante o mesmo San Martín. Tem somente 18 anos e ainda não foi convocado para nenhuma seleção de base da Argentina. Deve ser chamado para o Sub-20 na próxima convocação.




Bruno Zuculini e Michael Hoyos pela Albiceleste
Sub-20 (El Dia de Escobar)
Bruno Zuculini: Volante de boa marcação e passe regular, vem se firmando nesse Final 2013 após 3 anos jogando entre os profissionais e convivendo com a irregularidade. Chegou a formar a dupla de volantes com seu irmão, Franco Zuculini, em 2011. Franco, dois anos mais velho, se destacou e foi vendido ao Real Zaragoza. Nesse campeonato, já marcou 3 gols - um contra o San Martín e dois contra o San Lorenzo -, se destacando em algo que não é a dele. Mais importante que os gols, está dando uma sustentação importante para a defesa, fazendo dupla com Pelletieri. Atuou pela Seleção Argentina Sub-20 no Sul-Americano de 2011.

Aí está a prova de que o investimento nas categorias de base rende bons frutos a longo prazo. Sem muito poder aquisitivo, a Acade vê em seus garotos, identificados com o clube, sua principal fonte de renda em futuras transações. Mas tudo é uma questão de tempo, e Simeone e Zubeldía souberam utilizar os garotos no momento certo, sem queimá-los. Diferentemente do rival Independiente, que vê uma boa geração de meninos ser refém do medo do descenso e uma pressão gigante da torcida, nunca antes rebaixada para a B Nacional.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Grandeza perdida em Caballito



De pendejo voy con vos, porque vos sos mi pasión
nosotros te alentamos del tablón
ustedes pongan huevo y corazón
La alegría de este barrio, nunca la voy a olvidar
cruzamos la Cordillera y copamos el Maracanã”
Maracanã, 1985. Não há registros audiovisuais que deem conta de comprovar a canção até hoje entoada, mas dizem os antigos que o Ferro Carril Oeste teria levado ao ex-Maior do Mundo mais torcida que o Fluminense pela Libertadores da América* – os dois se enfrentaram na condição de campeões de seus países um ano antes. Daí o “copamos el Maracanã”, bordão comum entre as hinchadas argentinas para proclamar a invasão de um estádio rival.
Buenos Aires, bairro Caballito, 2013. Em um sábado ensolarado, 3 mil pessoas se dirigem à tradicional cancha do Ferro. O jogo, válido pela B Nacional (segunda divisão do país), é contra o Defensa y Justicia, da cidade de Florencio Varela, província de Buenos Aires. O visitante faz 2 a 0 com enorme facilidade. Calejada, a hinchada do Ferro pede a escalação dos garotos que passam toda a partida chutando uma bola em uma reentrância da velha arquibancada de madeira: “Pongan los pibes, la puta que te parió”.
No espaço de 28 anos entre a disputa de sua segunda (e última) Libertadores e as agruras de uma interminável rotina longe da elite, o Ferro experimentou dois descensos, uma falência e um sem número de fracassos dentro e fora de campo. De potência esportiva nos anos 1980, tornou-se mero figurante das divisões inferiores. A torcida, antes grandiosa, resume-se agora aos moradores do bairro e frequentadores da sede social, exatamente no centro geográfico de Buenos Aires. Quanto aos associados, 50 mil há três décadas, hoje não passam de 10 mil.
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Tamanha decadência se deve, como de praxe, a seguidas administrações ruins. Tudo começa com o homem que fez o Ferro ser temido nos anos 1980: Santiago Leyden (1933-2002) foi presidente do clube por longos 30 anos (1963-1993), período em que o Verdolaga ganhou dois Campeonatos Argentinos (1982 e 1984) e três vices, além de conquistas no basquete (três Ligas Nacionais e três Sul-americanos) e no vôlei (12 torneios nacionais e três continentais).
Leyden ainda ergueu a tribuna de cimento do antigo estádio de madeira – que ganhou o nome de Arquitecto Ricardo Etcheverry, seu vice e responsável pelo projeto do novo setor –, um ginásio poliesportivo para 8 mil pessoas abaixo desta plateia e todo o sistema de iluminação do complexo. Fez isso tudo, mas não soube a hora de deixar o cargo. Nas palavras do torcedor e sócio Arturo, 68 anos, a explicação: “Ele foi um ser humano notável, extraordinário. Mas ficou tempo demais à frente do clube e, quando isso acontece, tudo se contamina e você se afasta da realidade”.
A situação financeira, ruim quando Leyden deixou o cargo, só fez agravar nas temporadas seguintes. O Ferro foi perdendo torcida e, ainda pior, sócios. Como parte de um contexto que também afetou as agremiações brasileiras, decaiu a importância das sedes sociais a partir dos anos 1990, minando a mais relevante fonte de receita do Ferro. Em campo, os resultados também não ajudavam. Daí para a falência completa, no começo dos anos 2000, não tardou muito. Antes mesmo de ter a insolvência decretada, o Verdolaga desceu para a segunda divisão – e para a terceira no ano seguinte. Acabou voltando para a B Nacional, mas nunca mais para a elite.
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Não mais enfrentar os cinco grandes (Boca, River, San Lorenzo, Racing e Independiente) faz muita falta, mas o que mais lamentam os torcedores do Caballito é a ausência do Clássico do Oeste, o embate contra o Vélez Sarsfield, rival com quem compartilha o ramal ferroviário que cruza a cidade do centro até o limite oeste, no bairro de Liniers. A linha de trem, por sinal, tem importância destacada para estes dois e para grande parte dos times portenhos: enquanto o Ferro foi fundado em 1904 por um grupo de 95 funcionários da companhia inglesa Ferro Carril Oeste (Buenos Aires Western Railway), o Vélez empresta seu nome da antiga estação Vélez Sarsfield, hoje Floresta – o bairro onde se fixou outro clube, o All Boys.
Para o Vélez, no entanto, a rivalidade com o Ferro já não é encarada com reciprocidade. Campeão da Libertadores e do Mundial em 1994, El Fortín foi alçado a um patamar quase único: não deixa de ser um dos tantos “clubes de barrio” de Buenos Aires (como o próprio Ferro e mais All Boys, Nueva Chicago, Chacarita, Atlanta, Huracán, Argentinos Juniors, Barracas Central, Defensores de Belgrano, entre outros), mas enfrenta de igual para igual as equipes de maior torcida e tradição – já há muito tempo e com enorme consistência. Desde 1993, foram oito títulos argentinos – só o River ganhou mais – e cinco internacionais. Além de um estádio que pode ser considerado exemplar entre as canchas portenhas, o Vélez ostenta um dos elencos mais fortes e regulares do país.
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Disso se ressente a gente do Oeste (como muitos preferem chamá-lo); para passar ao largo do abismo entre os dois clubes, a torcida prefere cultuar o passado, como se o presente nada fosse. Assistir a uma partida no antigo estádio de madeira é como voltar a tempos idos (o estado de abandono de boa parte da estrutura reforça essa impressão). O Ferro se acostumou a jogar para um público envelhecido e saudosista – além de mais enxuto, bem distante da média dos 20 mil por jogo de outrora. Perdeu-se também o caráter popular que sustenta qualquerhinchada. “É uma torcida de classe média. Você não vê pobres aqui na torcida do Ferro”, atesta Arturo.
Ele tem razão: de certo modo, o Verdolaga reflete o perfil do bairro de Caballito, repleto de novos condomínios de alto padrão, alguns dos quais cortando todo o horizonte que antes se tinha a partir do estádio. É um cenário contrastante com o que se costuma se observar na maior parte das canchas argentinas: o Arquitecto Ricardo Etcheverry fica encravado em uma zona bastante populosa, mas tranquila ao extremo. É possível caminhar pelas avenidas paralelas, incluindo a Rivadavia, a maior do país, sem se dar conta da existência de um estádio ali perto.
A cancha do Ferro (os argentinos costumam se referir aos estádios do país assim, sem levar em conta o nome oficial) merece uma descrição à parte. Erguido em 1905, em um espaço anexo à estação Caballito, é considerado o mais antigo do país ainda em atividade. Entre as tantas curiosidades que se contam a respeito, diz-se que era comum trocar jogadores por materiais de construção. A história registra ainda incêndios que o destruíram parcialmente e longos períodos de empréstimo a outros clubes portenhos – que optavam por ele devido à localização privilegiada.
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O nome de Ricardo Etcheverry só foi outorgado em 1995, em referência ao dirigente idealizador da belíssima tribuna semicoberta (de 1976) que representa a única inovação no lugar em mais de século. Como todo o restante permanece com a mesma estrutura, o estádio é conhecido por El Templo de Madera. Embora a capacidade atestada seja de 24 mil torcedores, era comum que o clube jogasse para mais de 35 mil pessoas nos anos 1980.
Hoje, o Ferro joga para plateias de, no máximo, 8 ou 10 mil pessoas – mesmo quando obrigado a mandar seus jogos em outros estádios, caso de uma partida recente contra o Gimnasia de La Plata, na cancha do Huracán. Já é notável se considerarmos as médias de público dos grandes clubes brasileiros e tem ainda mais peso porque o aguante que vem da arquibancada é tipicamente argentino: trapos pendurados, faixas por todos os lados, cantoria do primeiro ao último minuto, músicas com letras elaboradas e que fazem referências históricas – como o dia em que “coparam o Maracanã”. Convenhamos: é preciso ter muito amor para alentar um time que se acostumou às posições intermediárias da B Nacional – é atualmente o 14º em um campeonato disputado por desconhecidos como Aldosivi, Crucero del Norte, Douglas Haig e Patronato.
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Tem sido essa a rotina desde o início deste século, quando o Ferro teve a falência decretada, em um cenário agravado pela crise financeira que atingiu a Argentina (o país chegou a ter cinco presidentes em 12 dias no fim de 2001) e que também colaborou para levar à bancarrota o grande Racing Club (“No me olvido ese día/ que una vieja chiflada decía/ Que Racing no existía/ que tenía que ser liquidado”, canta La Guardia Imperial, em referência ao episódio em que a torcida evitou que um dos clubes mais vitoriosos da história encerrasse as atividades). Ao contrário do Racing, no entanto, o Ferro nunca mais conseguiu se recuperar, e as gestões seguintes apenas agravaram a situação.
A campanha fraca na temporada 2012/2013 (7 vitórias, 13 empates e 9 derrotas) evidencia a qualidade do time, abaixo da crítica. As receitas com patrocínio despencaram, e nem de longe justificam o emaranhado de desconhecidas marcas a conspurcar o uniforme verde com detalhes em roxo. É aí que um Defensa y Justicia faz o que bem entende com o clube centenário. Em meio a isso tudo, com a bola tentando rolar em um gramado irregular e enquanto se observa a paixão ainda imberbe dos pibes que correm atrás de uma outra bola, entre a arquibancada de madeira e o enferrujado alambrado, fica difícil mesmo não querer que eles entrem em campo.
Afinal, é pelos jovens torcedores que ali estão que o Ferro pode continuar a ter relevância – e eventualmente ressurgir – em um futuro não muito distante. Se ocupa ainda espaço de destaque no noticiário e no imaginário popular é porque, para além de toda a mística que o cerca, a cultura bonaerense confere aos “clubes de barrio” uma importância bem maior do que a concedida aqui no Brasil, onde os pequenos de São Paulo (vide o caso do Juventus da Mooca) e Rio foram dizimados.
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Recentemente, veio o alento de que o velho estádio de Caballito passaria por uma ampla (e, ao menos neste caso, necessária) reforma. A curva do lado oposto à Platea Sur (que concentra os barra-bravas locais) e a arquibancada central já foram parcialmente desmontadas – com capacidade reduzida, o estádio não pode receber duelos com muita torcida visitante. A promessa é que os dois setores serão reconstruídos, com cimento mesmo, a exemplo da tribuna principal. “Mas falta dinheiro e a obra está parada”, resigna-se Roberto, 57, outro que viu o auge do Ferro e agora convive com a penúria de tempos tão modernos.
Enquanto olha para os dois espaços fechados, que conferem ao lugar uma aparência de abandono, sua mente viaja: “Vocês estão construindo estádios lindos para a Copa…”, diz, sem disfarçar uma admiração pouco reflexiva sobre o que se passa hoje no Brasil. Certo mesmo é que nenhuma arena, por moderna e confortável que seja, tem a alma e a história presentes em cada tábua de madeira do velho estádio de Caballito, a três quadras do coração de Buenos Aires.
*A Libertadores/1985
A primeira fase foi disputada em quadrangulares clássicos, como acontece hoje, mas com duas diferenças essenciais: eram apenas quatro chaves e só avançava o campeão. O grupo 1 reuniu argentinos e brasileiros (a concentração de clubes de apenas dois países perdurou até o ano 2000): Argentinos Juniors e Ferro Carril Oeste, campeões argentinos do ano anterior, e Vasco e Fluminense, campeão e vice brasileiros de 1984. Campanhas idênticas fizeram os dois argentinos (quatro vitórias, um empate e uma derrota) e os dois brasileiros (três empates e três derrotas). Foi necessário então um jogo de desempate entre os clubes portenhos, na cancha do Vélez: o Argentinos venceu por 3 a 1 e partiu dali para a inédita conquista da Libertadores.
Postado originalmente no Impedimento (http://impedimento.org/2013/04/16/grandeza-perdida-em-caballito/) pelo jornalista Rodrigo Barneschi e reblogado com autorização dos mesmos.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Pellegrino é o novo técnico do Estudiantes

Fonte: Líbero.pe

Neste sábado, o Estudiantes anunciou a contratação do técnico Maurício Pellegrino, que assinou um contrato até 2014. O clube de La Plata demitiu o DT Diego Cagna depois da derrota para o Racing por 1×0, deixando o time na penúltima posição com 3 pontos em 7 jogos. Maurício Pellegrino deve assumir o time no jogo contra o Quilmes, pela décima rodada do Torneo Final.
Conhecido como “El Flaco”, Pellegrino teve uma brilhante carreira como jogador. Revelado pelas categorias de base do Vélez, conquistou vários títulos pelo “El Fortín”, entre eles: três Torneos Clausura (1993, 1996 e 1998), um Torneo Apertura (1995), uma Libertadores (1994), uma Copa Intercontinental (1994), um Mundial de Clubes (1996), uma Copa Sulamericana (1996) e uma Recopa Sulamericana.
Em 1998, assinou contrato com o Barcelona, clube que defendeu durante toda aquela temporada e conquistou uma La Liga. Na temporada seguinte, foi comprado pelo Valencia, onde jogou por cinco temporadas e conquistou cinco títulos: dois campeonatos espanhóis (2001/2002 e 2003/2004), uma Super Copa da Espanha (1999), uma Copa UEFA (2004) e uma Supercopa da Europa (2004).
Desde seus tempos no Mestalla, Pelegrini se mostrava atento aos sistemas táticos e aos jogadores adversários. Ele e o goleiro Santiago Cañizares ficavam horas e horas analisando os virtudes e os defeitos de cada time que iriam enfrentar. Com isso, já mostrava sua vocação para ser técnico.
Em 2005, Pelegrino se tornou o primeiro jogador argentino a defender o Liverpool. Mas durou pouco, apenas 12 jogos. No meio da temporada, foi cedido ao Deportivo Alavés. No final da temporada, Pellegrino anunciou o fim de sua carreira.
O argentino começou sua carreira como técnico dirigindo as categorias de base do Valencia, até 2008. Logo depois, foi até o Liverpool, onde foi assistente técnico de Rafa Benítez, em 2010. Em Maio de 2012, assumiu o Valencia. Mesmo com uma boa campanha na Liga dos Campeões, em dezembro ele foi demitido.
Parece que desta vez a diretoria do clube de La Plata tomou a decisão certa, trazendo um técnico com experiência internacional e acostumado a trabalhar com jogadores experientes, como foi na Internazionale e no Liverpool.
Sua primeira missão será tirar o time da colocação desconfortável na tabela de classificação, para depois começar a planejar a próxima temporada, quando poderá formar um elenco com jogadores que ele quer trabalhar. Um dos erros do antigo treinador era não ter um esquema e um time definido, o que atrapalhava e muito o rendimento da equipe dentro de campo.
A prova da irregularidade está nos números do último Torneo Apertura, quando em 19 jogos o time venceu 8, perdeu 7 e empatou 4.
No Torneo Apertura, a equipe terminou na nona posição, mas a torcida resolveu dar mais um voto de confiança para Cagna, que não correspondeu nesse Torneo Final. O time já tem alguns jogadores que já atuam junto há um bom tempo no clube, como Desábato, Braña e La Gata Fernández. A torcida clama por contratações que realmente resolvam os problemas do time, principalmente no setor ofensivo.
Postado originalmente no Doentes Por Futebol (http://www.doentesporfutebol.com.br/2013/04/07/pellegrino-e-o-novo-tecnico-do-estudiantes/) por Gustavo Ribeiro.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Verón ajuda vítimas de temporal em La Plata


Uma imagem divulgada por um cidadão de La Plata no Twitter (@hernangpadron) veio a reforçar a imagem de  GRANDE SUJEITO que detém Juan Sebastián Verón, atualmente manager do Estudiantes.
O ex-jogador de Estudiantes, Parma, Lazio, Inter de Milão, Seleção Argentina e uma PÁ de outros times apareceu ajudando, com um bote inflável, os flagelados do temporal registrado nesta terça-feira em La Plata, que já deixou, segundo fontes oficiais, 55 mortos até esta quarta.
“Nós que vivemos na cidade e fomos afetados de maneira direta e indireta tratamos de estar junto e, óbvio, ajudar”, disse o ex-volante. Ele já havia feito críticas às autoridades locais que, segundo Verón, não teriam dado a cara devidamente no socorro às vítimas.
“Estamos incomunicáveis, as linhas estão colapsadas. Temos gente conhecida que não aparece”, afirmou nesta terça, em entrevista à rádio La Red.
Abaixo, uma entrevista de Verón à emissora CN23.
Postado originalmente no Impedimento (http://impedimento.org/2013/04/04/veron-ajuda-vitimas-de-temporal-em-la-plata/) e reblogado com autorização do mesmo.