Corinthians e Boca Juniors farão uma final de Libertadores que carregará as esperanças de dezenas de milhões de pessoas, no Brasil e na Argentina, além de mobilizar a maioria secadora. Se no Brasil a piada já se espalha, dizendo que o Boca é o Brasil na Libertadores, aposto que na Argentina não é muito diferente – especialmente para os torcedores do Independiente, que podem ver sua hegemonia incrível de sete Libertadores ser finalmente ameaçada. O Boca venceu a Universidad de Chile por zero a zero – sim, venceu sem gols – numa partida que mostrou a fortaleza anímica desse time.
O Poderoso Chefão da meia-cancha
A Universidad de Chile entrou no Estádio Nacional disposta a patrolar o Boca, como fez com o Deportivo Quito – marcação pressão na saída, muitos atacantes e muitos não-atacantes chegando na frente em condições de finalizar. Jorge Sampaoli colocou o seu DNA ofensivo à toda contra a defesa do Boca. A questão é que o time azul não conseguiu amassar, porque quando o Boca tirava a bola do seu campo, Riquelme passava alguns preciosos momentos com ela.
No primeiro tempo, Riquelme deu três incríveis passes verticais, todos desperdiçados, especialmente por Pablo Mouche. Riquelme é o poderoso chefão da meia cancha xeneize – além de deter o poder da bola e o poder de onde mandar ela de forma precisa, ele orienta os atletas, perturba o adversário psicologicamente com faltas demoradas e discussões inúteis, manda e desmanda no árbitro quando parece que só quer parar para conversar. Riquelme voltou à sua velha forma, talvez para um canto do cisne (como foi Zidane) mas certamente para mostrar que é, ainda, um dos melhores jogadores em atividade no mundo.
Mouche x Herrera
O jogo esteve à feição para os contra-ataques xeneizes. O roteiro era quase sempre o seguinte: a U tocava a bola, tentava forçar uma finalização, não conseguia, tentava uma finalização e perdia para Orión ou a zaga. No contra-ataque, a bola parava nos pés de Riquelme e o lance ficava perigoso. O primeiro tempo foi todo assim, e evidenciou um interessante duelo.
Pablo Mouche, atacante do Boca, fracassou demais na tentativa de vencer Herrera. Quando não falhava por qualidade técnica, falhava pelo nervosismo. Johnny Herrera, o SUPERBOY, crescia diante de Mouche como se seus 1,83 fossem 2,83. Lá pelas tantas, Mouche tentou NÃO OLHAR MAIS para o goleiro, tamanho era o seu medo de enfrentá-lo novamente, mas aí, não acertava no gol e fracassava igual. Quando foi substituído, ficou revoltado no banco de reservas, provavelmente com sua própria incompetência.
Díaz e os chutes na parede
A defesa do Boca teve um comportamento interessante: mesmo quando o time atacava, ela não se adiantava. Duvido que Roncaglia, Schiavi, Caruzzo e Clemente tivessem chegado ao círculo central alguma vez na partida. Quando atacada, a defesa recuava até a pequena área, com os volantes na borda da área, e não tinha nenhum pudor em desarmar mesmo na zona de perigo. Foram mais de 30 desarmes, segundo a Trivela, muitos deles feitos por meias ofensivos, como Erviti.
Dessa forma, a Universidad de Chile encontrou uma parede amarela na sua frente. Isso ficou mais evidente nas tentativas de Marcelo Díaz, que meteu uma bola na trave em um gol de falta, e tentou chutes sobre chutes sem sucesso. Em uma determinada jogada, ele tentou bater de fora e de dentro da área TRÊS VEZES, e em TODAS a bola voltava para ele. Como uma criança chutando contra a parede da casa.
A defesa do Boca é tão impenetrável quanto a do Corinthians, mas a Universidad do Chile foi mais perigosa que o Santos. Arriscou mais de fora da área, não tentou entrar a dribles, conseguia espaços por tabelas e penetrações. Só que a bola não iria entrar. Bateu na trave mais de uma vez, passou na frente do gol mais de uma vez, obrigou defesa difícil de Orión mais uma vez. Sampaoli quase entrou em campo. Se ele tentasse pegar a bola com a mão e sair correndo diante do gol, provavelmente tropeçaria – a bola não iria entrar.
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