segunda-feira, 4 de julho de 2011

Melhores e piores do Clausura 2011

Deu a lógica. Time com melhor ataque e com mais vitórias durante o campeonato, o Vélez Sarsfield dominou o futebol argentino neste primeiro semestre. Destaque maior para jovens jogadores, como Ricky Alvarez, Augusto Fernandez e Maxi Moralez. Com eles, o time venceu 12 dos 19 jogos disputados. Juntamente a eles, alguns de mais renome e tarimba, como Victor Zapata e Emiliano Papa, que se não é tão velho assim, tem a experiência de já ter atuado pela seleção nacional. Ao mesmo tempo, o time chegou até a semifinal da Libertadores, sendo eliminado pelo Peñarol, demonstrando que apesar da perda do bom defensor Otamendi, o time não perdeu sua solidez defensiva.
Segundo colocado, o Lanús mostrou um futebol agradável de se ver, apesar de a temporada do principal reforço do clube, o italiano Mauro Camoranesi, não ser das melhores. O clube contou com a ótima fase do uruguaio Mario Regueiro, que se caracteriza pela velocidade do contra-ataque. Ao lado dele, o faz-tudo Diego Valeri, que quase conseguiu um lugar na seleção argentina que disputa a Copa América, tendo ficado de fora da lista final. Além deles, Sebastian Blanco e Mauro Pellettieri formaram se destacaram, cada um a sua maneira. Outro destaque foi a invencibilidade de 11 jogos, mais do que qualquer outro time no Clausura.
A partir daí, surpresas no posicionamento final. Não pelo futebol apresentado, mas sim pelo que o elenco revelava de nomes. O Godoy Cruz, eliminado na primeira fase da Libertadores, dependia da técnica refinada de seu melhor meio campista, Mariano Donda. Até de forma surpreendente o Tomba conseguiu o 3º lugar, terminando a frente de times que continham elencos mais fortalecidos e experientes.
Em 4º lugar, o Olimpo conseguiu o improvável, que era conseguir se manter na primeira divisão em sua temporada de estreia, mesmo sem um investimento mais forte. Não bastasse isso, o time conseguiu a proeza de não disputar sequer a repescagem, justificando a boa participação. Bons nomes não faltaram, como Martín Rolle e Ezequiel Maggiolo, responsáveis pelo ataque.
O Argentinos Jrs., mais um time argentino eliminado logo na fase de grupo da Libertadores, mostrou que o empate contra o Fluminense na estreia da competição continental não fora acidente. Apesar das falhas, o goleiro Gastón Navarro foi importante. No meio campo, o destaque ficou por conta de Néstor Ortigoza e Mauro Bogado, enquanto Juan Ignacio Mercier, que havia brilhado no Clausura passado, não repetiu o bom futebol. O baixinho Franco Niell seguiu marcando seus golzinhos (inclusive de cabeça), mas o paraguaio Santiago Salcedo não repetiu o bom desempenho dos tempos de Cerro Porteño, e por vezes foi sacado para a entrada de Gustavo Oberman.
Atual campeão da sul-americana, o Independiente se recuperou da traumática temporada passada, e terminou na sexta colocação. Contando ainda com jogadores experientes, como o capitão Eduardo Tuzzio e o lateral esquerdo Lucas Mareque, o Rojo terminou a temporada em alta, com jogadores como Hilario Gabbarini na seleção argentina que disputava amistosos, e o atacante Facundo Parra com sondagens de alguns times da europa. O meia Matias Defederico, ex-Corinthians, não fez uma temporada de encher os olhos, e teve sua volta solicitada pelo time brasileiro.
No campeonato que marcou a despedida de Martin Palermo, o Boca Juniors contou com a aparição de muitos jogadores jovens, e de qualidade. Alguns, como Lucas Viatri e Pablo Mouche já eram conhecidos, mas outros como Christian Chávez, explodiram apenas nesse campeonato, apesar de já fazerem parte das seleções de base. Curiosamente, Chávez só apareceu no time após a venda do incansável chileno Gary Medel, que se mudou para Sevilla. Os jogadores contratados do Banfield, o meia Walter Erviti e o goleiro Christian Lucchetti, não deram a resposta esperada, especialmente o segundo. Como Lucchetti não agradou, o time voltou a apostar no inconstante Javi García, que novamente não foi bem. Outro problema encontrado pelo Boca foram os poucos jogos disputados por Riquelme, que seguidamente sofria algum problema de lesão.
O Banfield, que como já foi mencionado, perdeu dois jogadores importantes para o Boca Juniors, curiosamente encontrou um substituto para o gol. Enrique Bologna foi peça importante em muitos jogos, tendo marcado um gol de pênalti no clássico contra o Lanús. No meio campo, para o lugar de Walter Erviti, a solução foi mais difícil. O jeito foi mudar um pouco a forma de jogar e incluir Jonatan Gómez no time, se juntando à Maximiliano Bustos na meia cancha. O ataque não foi reforçado eficaciamente, com o time apostando no paraguaio Jorge Achucarro. Além deles, jogadores jovens, como Nicolás Tagliafico e Facundo Ferreyra foram ganhando espaço após retornar das seleções de base, e voltaram acrescentando na defesa e ataque, respectivamente.
A temporada do River Plate já foi devidamente comentada, o rebaixamento inclusive. Apesar disso, o Clausura não foi tão ruim para os Millionarios, que encerraram a participação em 10º. Porém, é sempre bom lembrar que a partir da metade do campeonato o time caiu de produção, contando com falhas defensivas e o pouco aproveitamento nos jogos em casa, sendo o time com mais empates no Clausura. Os problemas começaram no gol, onde nem o jovem Leandro Chichizola, nem o experiente Juan Pablo Carrizo deram conta do recado. Junta-se a isso a defesa fraca, com o zagueiro Alexis Ferrero como capitão na reta final, e o rodízio de atletas promovido pelo treinador J.J. López, que sacava atletas sem nenhum critério, assim como os incluia de volta. A raça de Matias Almeyda e o talento de Erik Lamela não foram suficientes, até porque o esquema de jogo sacrificava o último. Na frente, Mariano Pavone, Leandro Caruso e Funes Mori passavam jogos sem ter chances de gol, devido a forma da equipe atuar. O campeonato pode não ter sido ruim pela colocação, mas o River teve motivo de sobras para acreditar que essa temporada foi "determinante" para o rebaixamento.
Em décimo lugar, o Arsenal de Sarandi não mostrou a força dos últimos anos, nem em seu estádio, sempre marcado pela pressão dos torcedores no adversário. Seguindo na tabela, Tigre e All Boys, que conseguiram se livrar do rebaixamento na média geral. O Tigre contava com o experiente lateral espanhol Pernía, que jogou inclusive a Copa de 2006 como titular, além de contar com o artilheiro do Clausura, o atacante Dennis Stracqualursi, que marcou 11 gols. O All Boys começou a temporada disposto a levar o veterano Ariel Ortega, emprestado pelo River Plate, a redenção, após inúmeros problemas extracampo. Além de não conseguir recuperá-lo o time rescindiu seu contrato logo após o término da competição. O destaque ficou com a constante briga contra a balança do atacante Cristian Fabbiani, curiosamente, mais um ex-River Plate.
Seguindo pela tabela, três times que poderiam ter almejado algo mais na tabela.
O atual campeão Estudiantes não demonstrou nem sombra do futebol do campeonato passado, não vencendo o River Plate em casa, e tomando 4-0 do Vélez em seus domínios. A temporada de Verón foi quase uma nulidade, apesar do início bom. Outros jogadores não demonstaram o futebol de outrora, como Gata Fernández e German Re. Em compensação, a temporada boa de dois jogadores valeu uma transferência para o futebol europeu: Enzo Perez foi para o Benfica, enquanto Federico Fernández foi atuar no Napoli. Outro a fazer um bom campeonato foi Rodrigo Braña.
O San Lorenzo, um time pouco comentado, também tinha jogadores com enorme rodagem, sendo um deles ídolo de passagem antiga: Leandro Romagnoli, ex-Sporting-POR, retornou ao clube onde foi campeão no início da década passada, mas a genialidade não foi a mesma. Apesar de contar com a ótima companhia do paraguaio Aureliano Torres, o camisa 10 não fez uma temporada regular. Outro jogador com passagem pelo futebol europeu, Juan Menseguez foi aquele jogador de sempre. Muita velocidade, disposição e alguns gols na temporada. Diego Placente, que por vezes atuou como um ala pela esquerda, foi um dos, mais pelo apoio, obviamente.

O Racing de Avellaneda, começou bem o campeonato, embalado pelas ótimas atuações de Gabriel Hauche e Giovanni Moreno, esse último, com propostas do futebol europeu. Aos poucos porém, os jogadores foram caindo de produção, e outros tiveram de chamar a responsabilidade. Com isso, surgiram mais dois jogadores já testados na seleção argentina local: Claudio Yacob, capitão da seleção em um amistoso, e o ala Iván Pillud, com liberdade para atuar onde bem entende por aquela faixa do campo. As chegadas dos irmãos Franco e Bruno Zuculini, não reforçaram o toque de bola, como se esperava. No campeonato, o time se manteve através de lampejos de algum deles, mas o 15º lugar acabou sendo pouco pelo potencial do time, formado por muitos jogadores jovens.
Colón, Quilmes, Gimnasia, Newell's e Huracán fecharam a tabela. Curiosamente, dessas cinco equipes, Quilmes, Gimnasia e Huracán acabaram rebaixadas pela média geral nas últimas temporadas. O Huracán foi o pior absoluto, perdendo 12 dos 19 jogos, e tendo sofrido 44 gols. O Quilmes até esboçou uma reação, mas acordou de forma tardia. Já o Gimnasia caiu de forma trágica, tendo sofrido o gol que o levou a disputa da repescagem aos 48 minutos do segundo tempo no jogo contra o Boca Juniors. Nem o talento do experientíssimo e vencedor Guillermo Barros Schelotto foi capaz de salvar o time do rebaixamento, após dois jogos disputados contra o San Martín.
O outro time a conseguir o acesso foi o Belgrano, após vencer o River Plate em casa por 2-0 e segurar o 1-1 no Monumental, conseguindo o acesso histórico. Os dois times a conseguirem acesso direto ao Apertura são Atlético Rafaela e Unión.

Um comentário:

  1. sensacional. um post digno de um mito. parabens irmão, sensacional tanto o texto quanto o albiceleste.

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