segunda-feira, 1 de julho de 2013
Raio-x do Newell's campeão do Torneo Final
O estilo Barcelona de jogo chegou à América do Sul. Tá, tudo bem que já havia chegado com a La U que encantou o continente em 2011, mas o Newell’s Old Boys, campeão do Torneo Final, também trouxe um pouco da filosofia de jogo implantada pelo time catalão.
Não é por acaso que o time de Rosário tem um futebol tão parecido com o do Barça. O grande responsável por essa semelhança entre Newell’s e Barcelona se chama Marcelo Bielsa. ‘El Loco’ é o mentor tanto de Pep Guardiola quanto de Gerardo Martino.
Tata Martino voltou ao Newell’s no final de 2011, a princípio para salvar a equipe do rebaixamento (naquela altura, o time estava na mesma situação do Independiente, time que foi rebaixado pela primeira vez na sua história nesta temporada). O caso de amor com o rubro-negro rosarino vem de muito antes. Martino foi um meia bastante habilidoso da Lepra na década de 80. Fez parte do histórico time campeão só com jogadores da cantera do clube (na temporada 87-88) e também venceu o Clausura-92. Tata esteve nas duas campanhas em que o time foi vice-campeão da Libertadores (88 e 92) e pode se gabar de ter jogado ao lado de Maradona, quando El 10 defendeu as cores do rubro-negro, em 93.
Jogador com maior número de partidas disputadas (505) e com maior número de títulos (4), Gerardo Martino dá nome a um dos setores do Estádio Marcelo Bielsa, casa do Newell’s Old Boys.
O TÍTULO
Apesar do futebol que encantou a Argentina, e boa parte da América do Sul, o Newell’s teve uma equipe inconstante durante todo o campeonato. Muito disso se deve à briga simultânea pelo Torneo Final e pela Libertadores. Durante toda a competição, Martino fez um rodízio entre os jogadores, chegando a escalar o time inteiro reserva em algumas partidas.
Com 38 pontos conquistados em 19 jogos, o clube foi o segundo pior campeão da era dos torneios curtos, à frente apenas do próprio Newell’s de 2004, que somou 36 pontos. A campanha irregular teve 12 vitórias, dois empates e cinco derrotas (maior número de revezes de um campeão).
Apesar dos números dizerem o contrário, o time teve até certa tranquilidade para levantar o troféu Quando entrou em campo na penúltima, já era campeão. Terminou o campeonato com três pontos de vantagem para o segundo colocado, mas a verdade é que, na reta final, o time de Martino, Scocco e cia. jamais teve a liderança realmente ameaçada.
Os números não mentem. Um ou outro pode mentir. Mas juntos, eles provam: o Newell’s foi o campeão merecido. La Lepra jogou um futebol barcelonístico, jogou um futebol ofensivo, bonito. Terminou o campeonato com 40 gols, enquanto o segundo melhor ataque fez nove gols a menos. Foi o time que mais chutou a gol. Foi o time que mais trocou passes. Foi o time que menos fez faltas. Venceu. E com justiça.
O TIME
Relembrando um pouco 88, o Newell’s apostou na cantera. Mas a aposta não foi só nos jovens revelados no clube, mas também nos filhos pródigos que voltaram à casa para festejar mais uma vez. Foram esses os casos de Maxi Rodríguez, Gabriel Heinze e Nacho Scocco. Dos onze titulares (se é que podemos dizer que existem 11 titulares), apenas quatro não foram revelados em Rosario: Vergini, Casco, Cruzado e Figueroa.
O estilo Barcelona de jogo se baseia em três pilares: manutenção de posse de bola, movimentações em diagonal e busca rápida pela recuperação da bola. E essas três bases foram muito bem exploradas pela equipe de Martino. Marcando ora com quatro, ora com cinco ou até seis homens no campo ofensivo, o Newell’s tratava de recuperar a bola com rapidez. Com grande qualidade no passe dos volantes (especialmente Pérez e Villalba), as subidas dos laterais (Casco com mais frequência que Cáceres) e as constantes trocas de posição entre os três homens de frente, as movimentações em diagonal davam condição da bola atravessar a defesa adversária. E a manutenção da posse de bola vem das jogadas iniciadas pelos zagueiros que têm condições para sair jogando sem dar bico pra frente o tempo inteiro (ainda que Heinze tenha complexo de Gérson e vez ou outra queira fazer um lançamento de meio campo, que geralmente sai errado) ou até mesmo pelo goleiro Guzmán (que sabe jogar com o pé). A segunda bola encontra sempre os técnicos volantes (Villalba, Pérez ou Bernardi), que acionam os homens de criação do time. Aliás, pelas constantes trocas de posição, muitas vezes os próprios volantes são os homens de criação.
No ataque, os pontas (geralmente Maxi e Figueroa) se movimentam muito em diagonal e dão aos laterais o espaço que eles precisam nos flancos. Além disso, Scocco também tem papel fundamental. Seja como 9 ou como falso 9. Artilheiro da equipe, com 16 gols no ano, Nacho também pode sair da área e fazer o papel de um camisa 10, ou cair pelos lados do campo e fazer o papel de um ponta. Assim, saindo da área ou fazendo o pivô, o camisa 32 (no Campeonato Argentino e 21 na Libertadores) já soma cinco assistências.
Além de um bom onze, Martino conta com um banco recheado de boas opções. Para se ter uma ideia, no meio de campo, nove jogadores atuaram mais de dez vezes no Campeonato Argentino, sendo que (se contarmos os pontas como meias) Martino usa um esquema com cinco jogadores de meio.
Jogadores como Tonso, Orzán, Muñoz e Urruti são sempre utilizados como opções no decorrer das partidas. Aliando a experiência com a juventude o Newell’s conseguiu adaptar um estilo de jogo. Mas o mais importante: com jogadores que conhecem o clube desde pequenos.
DUELO CONTRA O GALO
O duelo entre Atlético-MG e Newell’s tem de tudo para ser uma ode ao bom futebol. Dois time que atuam para a frente, que sabem o que fazer quando têm a bola no pé, que marcam o adversário no campo de ataque e que têm jogadores habilidosos e capazes de decidir a partida em um lance.
O Galo vai jogar com a dupla de zaga reserva. Isso pode ser muito bom para os argentinos. A falta de entrosamento pode ser um fator preponderante na dificuldade de marcar as diagonais do Newell’s. A constante movimentação pode confundir o sistema defensivo do Atlético e é bom os mineiros ficarem de olho nas costas do Marcos Rocha.
Como ponto fraco, o rubro-negro pode sofrer com a velocidade dos pontas brasileiros. Heinze e Vergini são zagueiros lentos e podem ter dificuldade de acompanhar as entradas de Bernard e Tardelli. Ainda mais se os laterais resolverem atacar demais. Deixar o quarteto ofensivo atleticano no mano a mano, não é uma boa ideia.
O confronto vai ser uma batalha pelo meio de campo, já que são dois times que gostam muito mais de jogar com a bola no pé do que esperar um lance para sair no contra-ataque. E quem tiver mais posse de bola, tem mais chance de chegar à final.
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