sexta-feira, 30 de novembro de 2012

BOGOTAZO

El Flaco Echeverría em uma das principais armas do Tigre: a bola parada
(Foto: Sitio Oficial Club Atlético Tigre)
Nas três classificações - para as oitavas, quartas e semifinais - o Tigre se classificou em casa, marcando 4 gols. 4 a 1 sobre o Argentinos Juniors na fase nacional, 4 a 0 no Deportivo Quito nas oitavas e 4 a 2 sobre o Cerro Porteño nas quartas. Porém o fator casa não poderia decidir mais esse confronto. O Millonarios foi, sem medo algum, à Argentina e saiu com um 0 a 0 de lá. O Tigre teria que marcar e se impor fora de casa. Dessa vez, a temida Bogotá com altitude e tudo. Cidade que eliminou Palmeiras e Grêmio.

Gorósito surpreendeu. Nos primeiros minutos, adiantou suas linhas e pressionou a saída do Millonarios. Depois, começou a alternar momentos de pressão e de marcação atrás do meio campo. Não foi somente uma vez que os 11 jogadores do Tigre estavam atrás da linha da bola. Gorósito acertou em cheio em outra questão: sacou Matías Pérez García, enganche de mais cadência, para colocar o jovem Botta que poderia se aproximar mais de Maggiolo, formando assim um 4-4-1-1 com duas linhas muito bem compactadas. Ligações diretas para Maggiolo também eram uma opção. Em uma dessas, Botta quase marcou gol antológico. Em outra jogada, falta cobrada por Botta na cabeça do Lechuga Maggiolo, obrigando Delgado a salvar quase que sobre a linha. O primeiro tempo lembrava o jogo diante o Grêmio quando o tricolor gaúcho saiu na frente, todavia o Tigre não marcou. Drama.

Drama que aumentou nos primeiros minutos do segundo tempo. Ochoa fez fila e Paparatto, lateral direito/zagueiro e um dos heróis desse time, salvou sobre a linha. Lembranças do jogo diante o Grêmio vinham, cada vez mais, a tona. Porém, aos 20 minutos do segundo tempo, em algum lugar do mundo, Arruabarrena vibrou. E disto eu tenho certeza. O técnico foi vice campeão, por pouco não ergueu a taça do Clausura deste ano e salvou a equipe de um rebaixamento consumado. Para você ter noção, a queda era tão provável quanto a do Fluminense em 2009: 99% de chance segundo alguns matemáticos. O grupo se uniu e, após a classificação sobre o Deportivo Quito - na mesma semana da sua demissão por conta de um Apertura fraco - os jogadores ofereceram a goleada para El Vasco. E ele vibrou após ver Maggiolo escorar de cabeça e Echeverría, o zagueiro artilheiro, marcar em uma jogada de bola parada, principal característica do time do ex-Diretor Técnico. Depois do gol, o Tigre voltou a compactar suas linhas e a primeira linha, formada por 4 zagueiros, se consagrou nas bolas aéreas. O Millo chegava até a entrada da área, batia na parede do Matador, e voltava ao meio-campo com a bola. Até que, aos 45 minutos, Perlaza decidiu arriscar no gol de fora na área e parar de tentar penetrações. Gol. Mas já era tarde demais. O Millonarios só teve mais uma bola. Balão lá para dentro e nada feito. O Tigre, rugindo quietinho na dele (algo possível somente no futebol), está na final da Sul-Americana após um Bogotazo. Agora, os jogadores querem mais e o Morumbazo é um sonho de fiéis torcedores de um humilde time que chega pela primeira vez a uma final de competição internacional.

O São Paulo é o grande favorito a vencer a Sul-Americana. Tem jogadores como Lucas, Jadson, Luís Fabiano e Ganso, por exemplo. No Tigre vemos somente Botta na qualidade técnica destes citados anteriormente. Cachete Morales, Román Martínez e Carlos Luna, as três principais peças do tão comentado vice-campeonato, foram vendidos. O São Paulo tem o Morumbi. O Tigre tem o caldeirão do Monumental de Víctoria (capacidade de 29 mil), porém a Conmebol só autoriza finais em estádios com capacidade acima de 40 mil e tudo está indefinido. Entretanto, um time que fez aquela campanha para não cair, pode muito bem fazer esse humilde blog ter o título MORUMBAZO após a final.

A hora de provar que é o maior

Ele está de volta.

Por: Felipe Ferreira (@felipepf13)

1995. Ramón Ángel Díaz assumia ao comando do River Plate para sacramentar a mais brilhante carreira quem um técnico já teve em toda história dos millonarios. Foram 4 campeonatos argentinos, 1 Libertadores e 1 Supercopa Sul-Americana (título conquistado em 1997 contra o São Paulo de Dodô, Marcelinho Paraíba e França) até 2002.

2002. Fernando Cavenaghi on fire, D'Alessandro como enganche, Cambiasso na volância, Roberto Ayala na zaga e Ariel Ortega sendo decisivo no ataque. Está certo que esse ano teve alguns vexames como a vexatória eliminação para o Grêmio na Libertadores, em que os argentinos tomaram 4 a 0 no Olímpico, no entanto, veio o Clausura daquele ano e, com ele, uma campanha sensacional, que contou, até mesmo, com um 3 a 0 diante do Boca Juniors em plena La Bombonera, e mais um título para Ramón Díaz, o seu quinto campeonato nacional junto ao seu tão querido River Plate, só que o final da trajetória não foi como esperado já que Ramoncito tinha vontade em continuar mas a diretoria não quis mantê-lo e se encerrou assim a passagem mais vitoriosa de um técnico em toda história do clube.

2012. O River acaba de retornar a elite do futebol argentino e vai fazendo uma campanha no Torneo Inicial que está longe de representar toda a grandiosidade do clube. O elenco é limitado. O ambiente é conturbado. Em meio a várias bobagens cometidas, demorou mas Matías Almeyda caiu. No momento do desespero, não restou outra alternativa se não chamar aquele que cansou de levantar troféus junto a equipe e Ramón Díaz está de volta com um time a ser comandado bem diferente dos que comandou em um passado não muito distante.

Notável por sempre armar esquemas em que a posição de enganche era vital para um bom funcionamento da equipe, Ramoncito não conta com nenhum jogador de destaque para tal função no plantel atual, ou seja, já tem uma primeira dificuldade à vista. 

Entre várias dificuldades, muitas delas relacionadas ao conturbado ambiente interno, mas um dos empecilhos que deverá trazer complicações ao novo técnico chega a ser curioso. Imagine um treinador que chegou a trabalhar com uma dupla de ataque formada por Marcelo Salas e Enzo Francescolli e, agora, ter que comandar ninguém mais ninguém menos do que ROGELIO FUNES MORI. No mínimo, muito tenso.

E, sabendo de tudo isso, reconhecendo todos os empecilhos, Ramoncito topou voltar ao Monumental de Nuñez em um desafio que nada mais é do que uma grande prova de mostra que ele realmente ele é o maior técnico de toda história do River.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A classificação do Tigre e a eliminação do Independiente na Sul-Americana

Santander contribuiu na classificação para sua Copa, a Libertadores
(Foto: Olé) 


A Argentina tem somente um integrante nas semifinais da Copa Sul-Americana. O Tigre, mesmo com a saída de Arruabarrena, se classificou frente ao Cerro Porteño. Já o Independiente perdeu para a Católica por 2 a 1 no Chile e está eliminado. Alguns torcedores, curiosamente, gostaram da eliminação. O clube irá pensar somente no não descenso e esquecerá a outra competição.

Começamos pelo Rojo. Após uma partida muito fraca em Avellaneda, onde poderia, muito bem, ser goleado pela Católica, o time mudou de atitude. Chegou ao Chile precisando vencer ou empatar em 3 a 3 ou mais. Deveria marcar gols. Mesmo começando o jogo melhor, o garoto Cáceres cometeu um pênalti infantil, colocando a mão na bola, e o Rojo viu a Católica sair na frente com Ríos. Aos 36 minutos, a resposta. Boa jogada de Rosales na esquerda e a tentativa de voleio/bicicleta de Vidal culminou no rebote para Santana marcar. Um minuto depois, a arbitragem tratou de ajudar a Católica. Pênalti inexistente de Tula em Castillo e, novamente Ríos de pênalti, colocou os Cruzados na frente. Após o intervalo, pressão total do Rojo durante todo o segundo tempo. Tolo Gallego não tinha mais tática. No ápice da pressão, dois lances consecutivos. No primeiro Farías errou um peixinho sem goleiro. Depois dessa falha, chute cruzado de Ferreyra que Farías chegou, atrasado, de carrinho. 2 a 1 para os chilenos e classificação garantida. Rojo caiu, pelo menos, apresentando um bom futebol, diferentemente do primeiro jogo.

A chegada de Gorósito resgatou ao Tigre um fator casa impressionante que Arruabarrena tinha no vice-campeonato do Clausura. Nas oitavas, havia perdido de 2 a 0 do Deportivo Quito no Equador. Em casa, 4 a 0 para o time de Víctoria. Dessa vez, o time iria enfrentar o bom time do Cerro Porteño, um dos favoritos a levantar o caneco. Jorge Fossati comanda o time que tem nomes como Nanni, Fabro e Salcedo. No Paraguai, 1 a 0 para o -também- Azulgrana local. O Tigre tinha mais posse de bola e sufocava o Cerro em seu campo. Aos 18 minutos, Echeverría, uma das peças do vice campeonato, marcou de cabeça em uma de suas características. O Cerro acordou e os jogadores do Tigre entraram em uma zona de conforto impressionante. Parecia que os pênaltis eram lucro. E, após gols incríveis perdidos por -principalmente- Fabbro, era. Nanni até acertou a travessão. No fim do primeiro tempo, uma surpresa: o belo contra-ataque puxado pelo atrapalhado Santander culminou num belo gol do garoto Rubén Botta. Aos 4 minutos do segundo tempo, novamente a bola beijou a travessão de Javier García. Dessa vez foi Fabbro quem chutou. No contra-ataque, Botta, na ponta esquerda, cruzou e Santander completou para as redes. 3 a 0 e classificação já garantida. Foi isso o que muitos torcedores, e até jogadores, pensaram. Isso explica os dois gols do Cerro, além do time paraguaio honrar o centenário do clube que festejaria com um título internacional. Aos 17, Fabbro cruzou e Salcedo marcou de cabeça, após falha de Donatti na marcação. Aos 25 minutos, golaço de falta de Fabbro, namorado de Larissa Riquelme, para impressionante explosão dos 3 mil torcedores do Ciclón na Argentina. Gorósito acordou o time e a vaga ficou na Argentina com o predestinado Donatti, a cara do time no confronto. Aos 29 minutos, Donatti testou na trave a bola voltou no seu pé. O zagueirão meteu para as redes e classificou o Tigre, o mais novo argentino classificado para a Pré-Libertadores 2013 por chegar mais longe na Sul-Americana.

Com a vitória do Millonarios sobre o Grêmio, o Tigre enfrentará o time de Rentería na semifinal. Na outra chave, São Paulo contra a Católica. Tanto Tigre quanto o Millonarios contam com o fator casa para a classificação. Os colombianos contam com a altitude e o Tigre com a torcida e seus zagueiros artilheiros, Echeverría e Donatti.


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Os dois paredões de Quilmes e a perda da liderança

Achar espaço não foi uma tarefa fácil ao Newell`s (Foto: Canchallena)

O Newell`s entrou no jogo confiante. O empate entre Belgrano e Argentinos Juniors, confirmado minutos antes da equipe entrar em campo, deixou a equipe mais confortável. Para deixar o sabor amargo do empate contra o Godoy Cruz na última rodada, Tata Martino colocou Heinze na lateral esquerda no lugar do suspenso Vangioni e Víctor López entrou na zaga. O garoto Fabián Muñoz ocupou a vaga de Martín Tonso no ataque. Omar De Felippe, DT do Quilmes, escalou os mesmos jogadores do último confronto. Os cerveceros abriram 2 a 0, mas deixaram o Colón empatar com gols aos 43 e 46 minutos. O mesmo ocorreu na penúltima rodada, mas foi o Quilmes quem buscou o 2 a 2 no Nuevo Gasómetro ante o San Lorenzo.

 O primeiro tempo no Newell`s foi atípico. Faltou a dinâmica que levou o time a liderança e é a principal características dos bielsistas, seguidores de Marcelo Bielsa, como Gerardo Martino. Muito disso se deve a marcação do Quilmes. Marcava a saída de bolas do Newell`s e não deixava a bola chegar aos volante, onde o time teria maior qualidade de passe. O resultado foram os inúmeros pelotazos da Lepra. Alguns torcedores simplesmente não reconheceram o time. Ao Quilmes, faltou Caneo, um dos melhores enganches do futebol argentino dos últimos anos, que está com uma lesão grave e voltará só daqui a 6 meses. As jogadas surgiam pelos flancos, já que De Felippe trocou o 4-3-1-2 para o 4-4-2, com Mansillla e Díaz. Aos 42 minutos, Díz perdeu um gol incrível, se goleiro.

No segundo tempo, devido ao cansaço físico, o Quilmes mudou sua forma de jogar. Povoou a entrada da área e deixou o Newell´s girar a bola. As escassas penetrações paravam em Trípodi, goleiro do Quilmes. Aos 24 minutos, uma boa chance após lançamento de Bernardi. Scocco chutou cruzado e Trípodi tirou dos pés de Maxi Rodríguez. No rebote, Pablo Pérez bateu rasteiro e Emanuel operou um milagre. Nos outros 26 minutos, vimos um bate-rebate impressionante o bravo Quilmes resistindo. O paredão na frente da área e o paredão embaixo das traves cerveceras determinaram o placar: 0 a 0.

O Newell´s não aproveitou o vacilo do Belgrano e também empatou. Chegou aos 28 pontos e o Pirata aos 26. Com a vitória do Vélez sobre o Godoy Cruz, após o fim desse post, o NOB perdeu a liderança para o time de Liniers. Na próxima rodada, o Newell`s vai até a Bombonera enfrentar o Boca, outro coadjuvante ao título. Já o Quilmes recebe o Vélez. Será que os cerveceros adotarão a mesma forma de jogo ou atacarão mais?

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Duas gerações

Relaciona ele, Falcioni. "Riquelme" só no apelido (Foto: Twitter oficial do Boca Juniors)

Foi com a contribuição de duas gerações diferentes que o Boca derrotou o San Lorenzo, na Bombonera, por 3 a 1. Leandro Paredes, da nova geração com Sánchez Miño e também conhecido como El nuevo Riquelme, marcou duas vezes. Schiavi, da geração de Riquelme, Palermo e Abbondanzieri, completou a conta.

A surpresa na escalação era ele, Leandro Paredes. Depois de começar o campeonato bem como enganche e substituindo Riquelme a altura, começaram as partidas irregulares. Falcioni não pensou duas vezes e sacou o garoto até mesmo dos relacionados. Teorias da conspiração (ou não) sobre uma possível perseguição surgiram. Paredes é amigo de Riquelme e Falcioni, segundo muitas fontes relatam, discutiu com Riquelme ainda na primeira fase da Libertadores. Porém Sánchez Miño está machucado e Leandro havia marcado um triplete (o equivalente a 3 gols) no treinamento que definiria o time. A mesma disposição mostrou em campo. Com 4 minutos de jogo, experimentou de longe no canto direito de Migliore, que chegou atrasado. 3 minutos depois, aos 7, o Ciclón empatou. Stracqualursi caiu nas costas de Clemente Rodríguez e cruzou. Do outro lado da área chegava Mirabaje que pegou, de primeira, "na veia". O jogo ficou equilibrado até os 34, quando Lautaro Acosta puxou contra-ataque e entregou novamente para Paredes, no mesmo lugar do primeiro gol. O meia limpou para a direita e mudou o canto. Bateu, seco, cruzado. Migliore demorou para chegar novamente, mas esta era difícil mesmo. Dois gols na individualidade do garoto, pois a coletividade do Boca foi um fracasso.

O segundo tempo teve o mesmo panorama do primeiro. Boca com mais posse de bola, mas sem as mesmas triangulações e tabelas da última temporada. A escolha de Acosta ao lado de Santiago Silva foi um acerto. Viatri e El Tanque batiam cabeças no "doble 9". A chance mais perigosa no seu tempo foi do Ciclón e inusitada. Orión, além de falhar no Superclássico, parece não ter voltado confiante da lesão que teve na final da Libertadores. Dessa vez, depois de defender um cruzamento, colocou a bola no chão para sair jogando. Mirabaje, esperto e muito ligado no jogo, iria roubar. A torcida do Boca avisou e Orión conseguiu se recuperar no lance. Fora de casa, o vacilo seria fatal. Aos 21 minutos, Schiavi marcou aquele que pode ser seu último gol na carreira, já que se aposentará no final do Inicial e faltam 6 rodadas. Santiago Silva bateu falta, Migliore "reboteou" e Schiavi completou. Teria Migliore algum trauma da Bombonera? Foi péssimo goleiro do Boca e voltou a falhar do místico estádio, dessa vez com o manto azulgrana.

Paredes, após o jogo, afirmou que Riquelme o parabenizou por mensagem de texto. Falcioni terá que se render ao talento dele ou receberá duras criticas tanto da torcida quanto da imprensa. Com a vitória, o Boca chegou aos 22 pontos e está vivo na luta pelo título graças ao vacilo do Newell`s que apenas empatou com o Godoy Cruz e chegou aos 27. Pizzi ainda não arrumou uma equipe no San Lorenzo e isso necessitava tempo. Porém, os jogos passam e nada muda. San Lorenzo segue na zona de descenso. E os adversários diretos de lá, como o Independiente, parecem reagir...