quinta-feira, 5 de julho de 2012

SÁBADO HISTÓRICO EM SAN MARTÍN E MATADEROS


Estava eu entediado em uma tarde de sábado zapeando por vários sites de futebol. Entro no Olé e vejo que Chacarita e Nueva Chicago empatam em 0 a 0 aos 35 minutos do segundo tempo. Fui em busca de um link. Sempre irei agradecerei ao destino por ter feito isso. Demorarei um bom tempo para esquecer essa partida.

O cenário:
Chacarita e Nueva Chicago ostentam uma grande rivalidade durante a história, já que são times que gostam de ascensos e descensos. Desta vez, o destino quis que eles se enfrentassem na última Promoción da história. O Chacarita, no Promédio da B Nacional, ficou em 17ª e o Nueva Chicago em 4ª na Primera B.

Em Mataderos, bairro de Buenos Aires, o Nueva Chicago venceu por 1 a 0 com gol do artilheiro Leonardo Carboni no primeiro minuto do 2º tempo. O Chacarita, mesmo com a derrota, chegava em alta para o confronto, já que venceu as últimas duas rodadas da B Nacional (Rosário Central e Patronato) para poder jogar a Promoción. Se não tivesse vencido as duas, teria caído direto. Foi muito valente assim como o Nueva Chicago que passou por um mini mata-mata (começou nas quartas) que o deu o direito de jogar a Promo.

15 minutos para entrar na memória de qualquer um...


35 minutos da segunda etapa já eram jogados quando o link do jogo abriu na tela do meu computador. Muita briga, balão, carrinho e pouca qualidade técnica. Aos 39 minutos, após um rebatida de sua defesa e um péssimo posicionamento da defesa do Chaca, El Torito abriu o placar com, novamente, Carboni. Pensei em fechar o link e procurar alguma outra coisa para fazer já que o jogo parecia estar definido. Lembrei da campanha final do Chacarita vencendo Central (líder na penúltima rodada) e Patronato (5º colocado) como dito anteriormente. Decidi permanecer assistindo. Torcedores já choravam. Zaldivia foi expulso no Chaca. Aos 43 minutos, em um escanteio, o goleiro Tauver já estava na área. A bola desviou e Tellas bateu de primeira para as redes. Tínhamos um jogo. Os poucos torcedores que deixavam o estádio, voltaram. A torcida começou a cantar. Um gol (não há saldo e o desempate classifica a equipe da divisão superior) deixaria o Chacarita na B Nacional. Foi aberta a sessão de "chuveirinhos". Em um deles, no último lance, a bola explodiu na mão de um defensor dos Mataderos. Eram 51 minutos e 40 segundos quando Toledo, volante do clube, correu para a bola. O árbitro só tinha dado 4 minutos de acréscimo. Bateu forte e alto. Monllor, novo ídolo do Nueva Chicago, precisou de 3 tempos para defender. O jogo acabou. A maioria dos jogadores do Chaca desabaram. Jogadores do Chicago, que já choravam o até então não ascenso, foram abraçar Monllor.

A história do herói:
Daniel Monllor, em entrevista logo após o jogo, ainda não acreditava no feito. Havia sido dispensado do Nueva Chicago e ficou seis meses sem treinar. Entrou em depressão e pensou em largar o futebol. Um novo presidente foi eleito e e Monllor foi chamado para compor o grupo novamente. Ganhou a posição após impressionante dedicação nos treinos. O destino quis ele defendesse o pênalti do ascenso. Um repórter da tv argentina, após a festa, o perguntou se havia estudado as cobranças de Toledo. Podendo aumentar seu posto de herói e se consagrar, respondeu sinceramente: "Te soy sincero, no sabia ni cómo se llamaba el que pateó. La vida me ha dado otra oportunidad". A declaração de Franceschini, DT do Nueva Chicago, passou despercebida: "É uma característica desse clube. TUDO é com sofrimento".

Chaca volta a Primera B...
Repetindo os feitos de 1980 e 89, o Chacarita Juniors volta para a Primera B, terceira divisão argentina, sendo o único campeão argentino a chegar nessa divisão. A nova diretoria foi eleita no domingo, um dia após a queda. Tano Pasini permanecerá no clube mesmo com a queda e, a letra da música seguinte, não poderá ser cantada por, pelo menos, um ano.

Yo jugué en la C
Yo jugué en la A
Donde vos jugués
Siempre voy a estar


O rádio nunca irá morrer...



Cada dia mais apaixonado pelo futebol,
Leonardo Bandeira.

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