quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Seleção do Inicial 2013


Seleção do Torneio Inicial 2013:
Marcelo Barovero (River Plate): um dos principais jogadores do fraco torneio do River.

Hernán Grana (All Boys): Após regular torneio, é pretendido pelo Boca Juniors. Marcou um gol.

Paolo Goltz (Lanús): Ganhou ainda mais pontos de idolatria com a torcida Granate após a bela campanha.

Álvarez Balanta (River Plate): Jovem zagueiro colombiano, um dos principais jogadores do fraco torneio do River.

Lucas Licht (Gimnasia y Esgrima La Plata): Lateral esquerdo de qualidade, voltou ao Gimnasia e encontrou o bom futebol. Liderou o time no ascenso, foi regular, e marcou 4 gols neste torneio. 3 deles de pênalti.

Diego González (Lanús): Volante com boa saída de bola, foi um dos destaques da arrancada final do Granate.

Juan Mercier (San Lorenzo): O "carregador de piano" do campeão. 1º volante - de pouca qualidade de passe, é verdade - liderou o número de desarmes.

Nacho Piatti (San Lorenzo): O melhor jogador do Inicial 2013. Meia lateral, com liberdade para trocar de lado com Ángel Correa, Piatti marcou 8 gols. Ainda contribuiu com assistências. Jogava predominantemente pela direita.

Maxi Rodríguez (Newell´s Old Boys): Principal figura da arrancada do Newell`s no início do Torneio. Após a vitória sobre o River na 11ª rodada, a Lepra não venceu mais e as atuações de Maxi decaíram.

Ángel Correa (San Lorenzo): O garoto já havia ganho destaque nas últimas rodadas do Final 2013 quando, inclusive, marcou um belo gol que rebaixou o Independiente. Nesse Inicial, jogando predominantemente pela esquerda - com liberdade de inverter com Piatti - marcou 4 gols e participou de outros tantos.

Picante Pereyra (Belgrano): O velhinho se tornou o "artilheiros dos gols bonitos" desse Inicial. A se destacar, um de bicicleta contra o Racing e um de cobertura ante o Tigre. Com 32 anos - e no Belgrano desde 2009 - marcou 10 gols neste Inicial 2013 e subiu um degrau na galeria de ídolos recentes (Olave, Turus e Farré) do Pirata.
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Nacho Piatti foi o craque do campeonato (Foto: Canchallena)

Revelação: Lucas Albertengo (Atlético Rafaela): Nada badalado, o atacante de 22 anos surgiu tardiamente ao lado de Diego Vera no ataque do Rafaela na 3ª rodada. Meteu gol no Boca, calou a Bombonera, e desde lá, não deixou o ataque do time. Marcou 5 gols no campeonato.

Jovens promessas: Ramiro Cáseres (atacante do Vélez), Juan Ignacio Cavallaro (meia do San Lorenzo) e Federico Carrizo (meia do Rosário Central).

Menções honrosas:
Goleiros: Torrico (San Lorenzo), Agustín Orión (Boca), Sebastián Saja (Racing) e Fernando Monetti (Gimnasia La Plata).

Defensores: Jorge Curbelo (Godoy Cruz), Luciano Lollo (Belgrano), Gastón Turus (Belgrano) e Santiago Vergini (Estudiantes).

Volantes: Bruno Zuculini (Racing) e Guillermo Farré (Belgrano).

Meias: Matías Pérez García (Tigre), José Luís Fernández (Godoy Cruz), Miguel Caneo (Quilmes) e Martín Rolle (Arsenal).

Atacantes: Mauro Matos (All Boys), Emamnuel Gigliotti (Boca), Diego Vera (Atlético Rafaela) e Lucas Pratto (Vélez).

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Quando o maior não é um grande – ou um tratado sobre a grandeza

O conceito de grandeza no futebol argentino nunca foi uma questão muito controversa, a não ser para quem vê de fora. Definiu-se que havia cinco clubes grandes no país e o status quo dos mesmos se mantém ao longo dos tempos sem que haja uma contestação mais sólida. Em meados dos anos 30 do século passado, à medida que o profissionalismo foi se consolidando, ficou definido que os clubes que teriam maior poder de decisão junto a Asociación del Futbol Argentino seriam os com maior número de sócios, maior número de títulos, entre outros critérios.

Se o Racing é chamado "El Primer Grande", o Estudiantes campeão da América e do Mundo
em 1968 poderia ser chamado de "El Primer No Grande"? (foto: Reprodução/Pasión Libertadores)

Bom, em relação à Boca Juniors e River Plate fica difícil fazer qualquer tipo de contestação, uma vez que ambos concentram cerca de 70% do total dos torcedores em toda a Argentina, além de protagonizarem o maior clássico do país, quiçá do mundo. Xeneizes e Millonarios, juntamente com os outros grandes – Racing, Independiente e San Lorenzo – monopolizaram as primeiras 3 décadas do profissionalismo. No primeiro ano de abertura, 1967, este tabu foi quebrado pelo Estudiantes de La Plata. Coincidentemente, no mesmo ano, o Racing se consagrava como o primeiro clube argentino campeão mundial, reiterando sua condição de grande – o arqui-rival Independiente já tinha dois títulos de Libertadores, em 1964 e 1965.

Até o biênio 1984/1985, a temporada era dividida entre os campeonatos Metropolitano e Nacional. As fórmulas não vêm ao caso, o importante é ressaltar o crescimento das equipes que não eram (e ainda não são) consideradas grandes. A diferença entre eles é que o Metropolitano reunia as equipes da elite, e o Nacional acrescentava aos melhores da elite algumas equipes classificadas de acordo com torneios regionais. Em 18 campeonatos Metropolitanos, 11 foram vencidas pelo grupo dos grandes – o Racing não ganhou nenhum, além de ter amargado o descenso em 1983 (sem conseguir voltar no ano seguinte), enquanto o San Lorenzo foi rebaixado em 1981. Vélez Sarsfield e Estudiantes, que não faziam parte do clube dos 5, ganharam o Nacional em 1968 e 1983, respectivamente, além de participar de todas as edições do torneio.

Internacionalmente falando, o Estudiantes foi o primeiro clube tri-campeão da América – com 3 títulos consecutivos e, vejam só, não se tornou grande por isto. Na sequência veio o tetra do Independiente, que parece ter ofuscado um pouco a proeza conquistada pelo Pincha. O Boca Juniors só foi conquistar sua primeira Copa em 1977 e o River Plate somente 9 anos mais tarde. Aliás, um ano antes do Millonario o pequeno Argentinos Juniors conquistava a América, após levar um Metropolitano e um Nacional na sequência – já sem um certo Diego Armando. Os dois títulos do Nacional do Ferro Carril Oeste já mereceriam uma matéria à parte, mas fica o registro aqui de mais um não-grande que levantou taça. Entre as temporadas 1985/1986 e 1989/1990, a Primera División foi disputada no formato “todos contra todos”; River, duas vezes, e Independiente foram os grandes que conquistaram títulos neste formato – nos outros dois anos, uma taça para Rosario Central e outra para o Newell’s Old Boys.

O Vélez Sarsfield empilhou (e segue empilhando) títulos na era moderna do futebol
argentino, e conquistou o mundo em 1994 (foto: Divulgação/C. A. Vélez Sarsfield)

A partir de 1990/1991, o campeonato foi dividido em Apertura e Clausura, mas na primeira temporada houve uma final, vencida pelo Newell’s Old Boys. Era a consolidação do futebol de Rosario, cujos clubes também sequer sonhavam em ser considerados grandes. De 1991/1992 até hoje, a Argentina vem tendo dois campeões nacionais por ano. Na sequência dos 30 primeiros torneios os títulos foram revezados entre os 5 grandes e os intrusos Newell’s Old Boys e Vélez Sarsfield, que à época também cumpriram bons papeis no exterior, inclusive com o Fortín ganhando a América e o Mundo em 1994. Apenas no Apertura 2006 que o Estudiantes – olha ele aí novamente – foi quebrar esta escrita, ganhando o título no desempate, após amarelada histórica do Boca Juniors.

O que impressiona é a quantidade de clubes que chegaram forte nesse meio tempo. Considerando a “era moderna”, dos torneios curtos, temos o Vélez Sarsfield com 8 títulos; Racing, Independiente e San Lorenzo, somados, tem 6 taças no período. Os rivais Banfield e Lanús, além de Arsenal e Argentinos Juniors, se igualam ao Racing de Avellaneda – todos tem um título. Enquanto isto, o Independiente tem 2 títulos, contra 3 do Newell’s Old Boys – o Rosario Central, arqui-rival da Lepra, foi quem se perdeu no caminho, com apenas um vice-campeonato, e alguns anos na Primera B Nacional. Por falar nisto, o “fantasma de la B” também pegou os gigantes River Plate, em 2011, e o Independiente, este ano. O Tigre, nos últimos 6 anos, tem 3 vice-campeonatos e o Godoy Cruz também teve ótimas campanhas no período.

Dos últimos 10 torneios nacionais, apenas 2 foram vencidos por um dos grandes, ambos pelo Boca Juniors, que é o único que vem fazendo jus ao adjetivo nos últimos tempos. Se formos fazer uma listagem do pódio dos mesmos torneios, temos apenas 5 posicionamentos de grandes entre os 3 primeiros em 10 torneios: um vice-campeonato para o River Plate, um para o Racing, e um 3º lugar para o San Lorenzo. Expandindo a análise para o âmbito internacional, o último título internacional de um grande foi a Copa Sul-Americana 2010, pelo Independiente. Na Libertadores, o Estudiantes é um campeão mais recente que o Boca Juniors – o Pincha conquistou seu tetra-campeonato em 2009, enquanto o Xeneize levou o hexa em 2007 e foi vice em 2012.

Lanús, Talleres, Arsenal e Tigre: em comum entre eles, todos clubes "de barrio"
que se tornaram conhecidos em competições internacionais (foto: Arte/Albiceleste Brasil)


A Copa Sul-Americana revelou mais alguns clubes “de barrio” para o cenário internacional, coisa que a extinta Copa CONMEBOL já havia feito na década de 1990. Ou alguém já havia ouvido falar de Lanús ou Talleres antes das conquistas de 1996 e 1999? O Arsenal de Sarandí foi apresentado à América na Copa Sul-Americana 2007, antes mesmo de ser campeão nacional, o que só iria conseguir no Clausura 2012. Ano passado, apesar dos pesares, o Tigre chegou à final do torneio no ano passado, e este ano é o retorno do Lanús a uma decisão internacional, após 16 anos. A chegada fortíssima do Granate nas últimas 3 temporadas, alías, foi um dos principais motivos que me levaram a escrever este texto.

Não tenho a pretensão de querer retirar a grandeza de nenhum clube, se os 5 grandes argentinos são considerados assim, foi por seus méritos. No entanto, é inacreditável que um tetra-campeão da América, como o Estudiantes, ou um multi-campeão nacional, como o Vélez Sarsfield, não tenham sua grandeza revista. Particularmente, considero estes dois clubes tão grandes ou maiores que Racing e San Lorenzo. E, nos últimos tempos, o papel dos clubes grandes no futebol argentino vem ficando cada vez mais secundário, indo na contramão da tradição das instituições.